Parlamento quer valorizar sapadores florestais e gestão de fogos rurais

O parlamento recomendou o Governo a tomar um conjunto de medidas para a valorização e prevenção da floresta, nomeadamente com a contratação de mais vigilantes da natureza.
Agência Lusa
Agência Lusa
11 dez. 2025, 16:24

Imagem de bombeiro a combater incêndio
Fotografia: Imagem: Paulo Novais - LUSA

2025 foi um ano de “aumento notável” de incêndios rurais de grande dimensão. Os dados da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais referem que este ano foi “o quarto pior de sempre desde 2001 em área ardida, ao totalizar 270 mil hectares”, com as regiões Norte e Centro a serem as mais afetadas.

Urge por isso valorizar a floresta e, nesse sentido, o parlamento recomendou ao Governo a valorização dos sapadores florestais, bem como a contratação de vigilantes do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e a profissionalização dos agentes do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais.

As resoluções foram publicadas esta quarta-feira, com resoluções propostas pelo Livre e PAN.

Uma das quais recomenda ao Governo que “valorize a carreira de sapador florestal no setor público através da renegociação das condições remuneratórias, garantindo aumentos salariais, reconhecendo a profissão como de desgaste rápido e atribuindo-lhe subsídio de risco”.

O Governo deve ainda, segundo proposta do Livre, autorizar o ICNF a “iniciar, em 2026, procedimento concursal para contratação de sapadores florestais, por tempo indeterminado, após avaliação das suas necessidades” e avaliar as "recomendações constantes no relatório de avaliação do programa de sapadores florestais, com vista à melhoria do plano de formação para as equipas de sapadores florestais" e do respetivo programa.

É ainda recomendado que se autorize o ICNF a “abrir, ainda em 2025, procedimento concursal para contratação, por tempo indeterminado, de vigilantes da natureza, após avaliação criteriosa e realista das necessidades em função da área de intervenção do Instituto”.

Também proposta é a implementação e aplicação do Plano Nacional de Qualificação dos Agentes do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais [SGIFR], elaborado pela Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais, “garantindo os meios necessários à sua concretização”.

O parlamento pretende também que o Governo “qualifique e capacite” os agentes do SGIFR, investindo “no ensino e formação contínua de operacionais e pessoal especializado, incorporando conhecimento técnico para apoiar a tomada de decisões estratégicas e operacionais, promovendo a investigação científica aplicada e reforçando os sistemas de informação e comunicação”.

É ainda recomendado ao Governo “a adoção e financiamento de medidas de estabilização de emergência dos solos em risco após os incêndios”, com definição e disponibilização de “financiamento excecional destinado às ações de estabilização de emergência dos solos e de restauro ecológico”.

O executivo deve abrir “de imediato os avisos para celebração dos contratos-programa ‘Territórios Resilientes’, de modo que seja possível atuar nas áreas ardidas, garantindo a rápida mobilização de meios e a coordenação entre entidades públicas e privadas, de forma a assegurar a proteção do interesse público e a conservação do património natural”.

Os deputados advogam que se “fomente a cooperação transfronteiriça, tal como recomendou o Observatório Técnico Independente, para análise, acompanhamento e avaliação dos incêndios florestais e rurais", criado em 2018, “assegurando os recursos financeiros e humanos adequados para as intervenções” identificadas como necessárias, “de forma a reforçar a resiliência do território fronteiriço e transfronteiriço”.

O Governo deve também assegurar “a monitorização sistemática das áreas ardidas, por um período nunca inferior a dois anos, e da eficácia das diferentes intervenções realizadas no pós-incêndio" para "avaliação da regeneração da vegetação e a análise das propriedades do solo".

Já o PAN recomenda “a utilização de inteligência artificial para a prevenção e deteção de incêndios florestais e a redução do prazo de atualização do Inventário Florestal Nacional no âmbito da execução do Plano ‘Floresta 2050, Futuro + Verde’”.

No âmbito da execução do Plano de Intervenção para a Floresta 2025 a 2050, aprovado pelo parlamento, por proposta do Governo, e já publicado em Diário da República, os deputados recomendam que se “reforce os meios e recursos necessários para a utilização de inteligência artificial para a prevenção e deteção de incêndios florestais”.

No texto defende-se também que o executivo “avalie reduzir o prazo de atualização do Inventário Florestal Nacional e a possibilidade de atualizações parciais intermédias”.