Prémio Pessoa 2025: Lídia Jorge é a primeira romancista e a sétima mulher distinguida

Lídia Jorge, de 79 anos, uma das vozes mais marcantes da literatura portuguesa contemporânea, é a vencedora do Prémio Pessoa 2025. 

 
Rui Mendes Morais
Rui Mendes Morais Jornalista
11 dez. 2025, 16:30

Lídia Jorge | Imagem: Agência Lusa
Fotografia: Lídia Jorge | Imagem: Agência Lusa

Foram os livros os primeiros amigos de Lídia Jorge na pequena vila de Boliqueime, no Algarve, onde cresceu na calma e no silêncio. Depois vieram as marés, viveu os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África, onde foi professora, uma experiência que lhe ensinou a transformar memórias e distância em literatura. Este ano é a vencedora do Prémio Pessoa, atribuído esta quinta-feira por Francisco Pedro Balsemão, presidente do júri, no Palácio Seteais, em Sintra. 

A autora é considerada uma das romancistas mais conhecidas do país, com obras como “A Costa dos Murmúrios”, “O Dia dos Prodígios” e “Misericórdia”, o seu último romance,  que lhe garantiram diversos prémios nacionais e internacionais, vendo as suas obras traduzidas na Europa e até nos Estados Unidos. 

É a sétima vez que o galardão, promovido pelo Expresso e patrocinado pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), distingue uma mulher. Na 39.ª edição do prémio, que homenageia portugueses que se destacam na vida cultural e científica, foi vez de destacar a literatura e em especial, o legado da autora de 79 anos. 

Na atribuição do prémio, Francisco Pedro Balsemão, sublinhou que “a sua escrita criativa e diversificada tem sido capaz de revelar o poder da literatura para nos ajudar a compreender os grandes desafios do mundo contemporâneo e a sua intervenção cívica corajosa tem contribuído decisivamente para enriquecer o debate democrático na sociedade portuguesa.

Esta semana é de inúmeras distinções para a autora, tendo na quarta-feira, recebido o título de doutora 'honoris causa' em Literatura pela Universidade dos Açores, apenas um dia antes deste novo prémio que tem o valor de 70 mil euros e destaca personalidades desde 1987. 

No total, foi distinta com mais de dez galardões, entre eles o Grande Prémio de Literatura dst em 2019, o mais recente até então. Este ano foi também convidada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa para presidir à comissão organizadora das comemorações do 10 de Junho deste ano, Dia de Portugal, de Camões e das comunidades portuguesas. 

Conhecida, também, por obras como "Notícia da Cidade Silvestre" (1984), "O Jardim Sem Limites" (1995), "O Vale da Paixão" (1998), "Combateremos a Sombra" (2007), "A Noite das Mulheres Cantoras" (2011) e "Estuário" (2018), Lídia Jorge recordou recentemente que a literatura e a filosofia continuam a ser "pilares do conhecimento e da busca da verdade essencial".