Casas em Portugal são as mais sobrevalorizadas. Bruxelas quer fim do "boom" no alojamento local
A Comissão Europeia quer, no novo plano da União Europeia (UE) para habitação acessível, apostar na renovação dos edifícios, nomeadamente devolutos, e acabar com o ‘boom’ no alojamento local e na especulação imobiliária para resolver a crise habitacional.
Em declarações à agência Lusa e outros meios europeus esta terça-feira, dia em que apresenta a iniciativa, o comissário europeu da Habitação, Dan Jørgensen, vinca que “a Europa deve assumir coletivamente a responsabilidade pela crise habitacional que afeta milhões dos cidadãos e agir em conformidade”, nomeadamente adotando estas “ações concretas para tornar a habitação mais acessível, estimulando investimentos, regulamentando arrendamentos de curta duração, reduzindo a burocracia e apoiando os mais afetados”.
Para isso, este que é o primeiro plano do género ao nível comunitário inclui uma estratégia para a construção habitacional (com foco nas casas devolutas e renovação e reconversão de edifícios), a simplificação das regras na construção (como das licenças) ou a revisão das regras de auxílios estatais (tornando mais fácil para os Estados-membros investirem em habitação acessível e social).
O plano também integra o reforço das verbas europeias (do orçamento da UE a longo prazo, da coesão, do programa InvestEU e do Banco Europeu de Investimento), o combate à especulação imobiliária (com maior transparência no setor) e uma nova lei sobre o alojamento local (com um quadro jurídico para as autoridades locais agirem).
A Comissão Europeia estima que os preços da habitação em Portugal estejam sobrevalorizados em 25%, sendo esta a percentagem atual mais elevada na União Europeia (UE), sendo também um dos piores países nas variações no poder de compra.
“De acordo com os dados mais recentes disponíveis, os preços da habitação permaneceram sobrevalorizados em vários países da UE no segundo semestre de 2025. A Comissão estima que a sobrevalorização média mais elevada se verifica em Portugal, em cerca de 25%, ultrapassando outros mercados imobiliários”, refere o executivo comunitário.