Distribuição de jornais: Governo admite preocupação, mas não vai “passar cheque” a empresa de distribuição

Governo diz ter soluções para distribuição de jornais mas admite não “passar um cheque” a nenhuma empresa. Leitão Amaro garantiu que o Governo está preocupado com falta de acesso de parte da população à imprensa escrita.
 
Agência Lusa
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17 dez. 2025, 15:54

Vários jornais
Fotografia: Governo admite ter soluções para distribuição de jornais

O Governo admitiu esta quarta-feira “propostas concretas” para fazer face a um possível ajustamento da rede de distribuição de imprensa da Vasp no interior do país, mas realçou que não irá “passar um cheque” a uma empresa em concreto.

No final do Conselho de Ministros, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, questionado sobre o assunto, lembrou que “o que está em causa é um anúncio da praticamente monopolista distribuidora que disse ao país que tinha dificuldades de sustentabilidade do modelo de negócio e procura soluções”.

De acordo com o governante, o executivo está “a agarrar” a sua parte, “sem passar um cheque a nenhuma empresa concreta” e “garantindo que todos fazem a sua parte”, com “condições de concorrência, abertura, transparência”, para poder “ajudar a contribuir para uma solução”.

“Eu creio que mais cedo do que mais tarde haverá respostas sobre quais são as propostas concretas da parte do Governo para essa solução”, indicou, ressalvando que qualquer solução tem de “corresponsabilizar o setor”.

Segundo Leitão Amaro, qualquer solução passa por “recorrer a alguma forma de parceria”, mas lembrou que os produtos são produzidos por “empresas de comunicação social” que, por isso, têm de ser “corresponsáveis”.  

Leitão Amaro garantiu que o Governo “partilha das preocupações” de falta de acesso de parte da população à imprensa escrita.

“Há uma razão de coesão social e territorial para que o Estado se preocupe e atue para que as pessoas do interior e as pessoas mais velhas, muitas delas no interior também, possam continuar a ter acesso à imprensa escrita. Foi por isso que duplicamos o porte pago, de 40% para 80%, com uma despesa prevista em 4,5 milhões de euros”, realçou.  

O ministro admitiu que há uma parte da população, “por estar no interior”, e outra que “não tem a mesma literacia e acesso digital” tipicamente mais velha que ainda “precisa da imprensa em papel”.

No início do mês a administração da Vasp informou que está a avaliar a necessidade de fazer ajustamentos na distribuição diária de jornais nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança.

Em comunicado, a Vasp referiu que "atravessa, neste momento, uma situação financeira particularmente exigente, resultante da continuada quebra das vendas de imprensa e do aumento significativo dos custos operacionais, que colocam sob forte pressão a sustentabilidade da atual cobertura de distribuição de imprensa diária".

Esta conjuntura "tem impacto direto na viabilidade da distribuição diária de imprensa em pontos de venda, sobretudo nas regiões do interior do país, obrigando a empresa a reavaliar o seu modelo operativo e logístico", adianta a Vasp - Distribuição e Logística, no dia em que o Correio da Manhã noticia que há "oito distritos em risco de ficarem sem jornais a partir de janeiro".

A empresa "reafirma de forma inequívoca o seu compromisso com o acesso universal à informação, entendendo-o como um pilar essencial da coesão territorial, da igualdade de oportunidades e do exercício pleno da cidadania democrática", adiantando que "a restrição desse acesso penaliza de forma injusta as populações de territórios de baixa densidade e aprofunda as assimetrias regionais".

Apesar deste compromisso, "e mantendo total respeito pelos acordos assumidos com editores e pontos de venda, a empresa vê-se obrigada a estudar uma revisão da atual configuração de algumas rotas de distribuição, de forma a salvaguardar a continuidade global da operação e evitar um cenário de insustentabilidade financeira que colocaria em risco a totalidade da atividade da distribuição de imprensa em Portugal".