Um ano após ter sido eleito presidente da Casa do Douro esperava ter "avançado mais"

Num balanço do primeiro ano como Presidente da Casa do Douro, Rui Paredes afirma que gostaria de ter “avançado mais”. Nega queixas de incompatibilidade entre as funções exercidas como presidente da Casa do Douro e diretor da Adega de Favaios.
 
Agência Lusa
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17 dez. 2025, 09:53

Rui Paredes, presidente da Casa do Douro
Fotografia: Rui Paredes faz balanço do ano como presidente da Casa do Douro (Agência Lusa/Pedro Sarmento Costa)

O presidente da Casa do Douro disse que, um ano depois da eleição, esperava ter “avançado mais” na atribuição de competências e dotação orçamental, salientando que já foi entregue o plano de instalação pedido pelo Governo.

As eleições para a direção e conselho regional realizaram-se a 21 de dezembro de 2024 e, praticamente um ano depois, um grupo de viticultores apontou também para uma alegada incompatibilidade entre as funções exercidas por Rui Paredes como presidente da Casa do Douro e diretor da Adega de Favaios. A tomada de posse aconteceu no final de janeiro.

O dirigente fez à agência Lusa um balanço deste ano admitindo que gostaria de “ter avançado mais” e, sobre a queixa de incompatibilidade, disse que “é mais do mesmo, pessoas a tentar ganhar na secretaria”, adiantando que foi, entretanto, pedido um parecer a um advogado que reforça que a sua situação “está dentro da legalidade”.

Rui Paredes disse que, da parte do Governo, ainda não houve “uma efetivação” daquilo que é a Lei n.º 28/2024, que restaurou a Casa do Douro como associação pública de inscrição obrigatória, e adiantou que, tal como foi pedido pelo Ministério da Agricultura, foi feito um “plano de instalação bem estruturado, com base naquilo que são as competências atribuídas pelo legislador”, abancando áreas como a fiscalização, cadastro e marketing.

“Por isso, agora estamos à espera da decisão do senhor ministro sobre o mesmo para o podermos pôr em prática”, realçou.

A agência Lusa questionou o Ministério da Agricultura que não se pronunciou.

“Estou, não desiludido porque sabia que os primeiros tempos iriam ser difíceis, mas esperava que pudesse ter avançado mais do que aquilo que avançamos”, afirmou, admitindo estar “bastante insatisfeito”.

Apesar das dificuldades, garantiu que a direção e conselho regional de viticultores têm trabalhado em prol da região, mas que esperava “ter outro tipo de proximidade”.

“Tal não é possível porque não temos meios para tal. A Casa do Douro tem um património fantástico, disperso por todo o território, entre vinhos, ações e edificado e esse remanescente, que ficaria depois do pagamento da dívida, daria para construirmos uma

Casa do Douro mais forte, ou seja, que pudesse ir junto dos viticultores”, realçou.

Desde 2014 que está em cima da mesa a concretização de um acordo de dação em cumprimento para o pagamento da dívida antiga da Casa do Douro ao Estado, com vinho do seu ‘stock’ histórico, e entrega do remanescente património à instituição.

A gestão sem uma dotação orçamental tem sido, segundo Rui Paredes, “muito difícil”.

“Sai dos bolsos quer dos membros da direção, quer do conselho regional o pagamento de algumas despesas. Acho que é passar um atestado a toda a região, quando essa região tem capacidade para poder trabalhar condignamente e não precisar de esmolas de ninguém”, afirmou.

Durante o ano foram também apresentadas propostas para a tutela. “A medida da uva para vinho a destilar foi algo que saiu de um viticultor, que passou para o conselho regional e que foi proposto ao ministro”, concretizou.

Numa vindima em que a quebra de produção pode ter atingido os 35%, a aplicação dessa medida que tinha uma dotação de 15 milhões de euros ficou "aquém das expectativas", pelo que o dirigente disse esperar que o valor remanescente “possa ser realocado para 2026, canalizado para os viticultores ou para outro plano de incentivo à região”.

O presidente admitiu como “grande pecha” a comunicação do trabalho desenvolvido. “Mas mesmo assim teríamos que ter condições para trabalhar muito mais, que é uma coisa que ainda não temos neste momento”, sustentou.

Por fim, Rui Paredes defendeu que a região precisa que o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) se mantenha como um instituto público, mas mais “forte, ágil, sem a amarra das cativações e muito mais proativo e dinâmico”.